Pedras
O meu Amor é a vida e a calçada,
as minhas solas pisam o chão, onde vez alguma
alguém correu o caminho,
Julgando eu... como seriam felizes as pessoas
mesmo que contorcidas em cima do lancil
torneando a anca, retorcendo a alma...
à espera, à espera de nada
por vezes
no caminho uma pedra ali,
outra aqui que chuto sem sentido
uma pedrada no charco do passeio
sem ninguém, sem ti...
eu nunca soube o nome da tua cara
esperei de pé no carril do eléctrico
punha-me a olhar a ver o seu fim
mas não acabava ai... acabava mais além
e assim esperava sem ver ninguém
(horas mais tarde, recordo, nasceu-me um sinal no peito... mas já foi tarde, muito tarde, não havia luz para o seguir.)
veio um dia...
e nunca mais avistei pedras soltas na calçada
e as pessoas deixaram de balouçar no lancil
recomecei a ver bem... a preto e branco
como sempre vi, como sempre cheirei
a tua essência, a tua fragrância
lembro-me do liquido das rosas amassadas no lençol
e da mancha com o teu odor