Suspiros de poeta

Suspiros de poeta

Esta busca incessante,

esse eterno escancarar

enfurnar-se, raiar e se pôr...

Esta bipolaridade

e energias tantas a faiscar neurônios

Este silêncio absurdo!

Esta dor sem ser dor

e o sono que não dorme

e o arpão !

correndo o mar vazio de peixes

E a certeira inexatidão

e os sonhos marolando...

e a fome .

E a fome da palavra

da lavra do dia,

do verde capim e da margarida.

E esta calmaria branda

eclodindo em cada vulcão incauto

E este maldito salto agulha!

E aquele amarelo âmbar a se exibir

Um pincel no chão, outro no céu

e a sede...

e a rede..

e a morte tácita

E o gole exaurido...

e o poeta maldito,

regurgito

E a estranheza estrangulando o corredor

e esta dor...

aquele sonho

Até quando vivem as borboletas?

e as muletas?

e as mutretas?

E a ira que se amofina...

e o câncer que corrói

a âncora que não voa

o albatroz exilado!

Alma no vão de todos os recomeços

e os azedos gostos

o limão...

o cão,

e essa solidão correspondida

Até onde caminha esta vida?

e a raiva manca? o grito mudo

a surdez de tudo

E este cansaço infernal!

Márcia Poesia de Sá - 06.12.2012

Márcia Poesia de Sá
Enviado por Márcia Poesia de Sá em 30/01/2015
Código do texto: T5119425
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