Gaia

Usa-me, estou ao teu dispor.

Não reclamo, não revido

Ao golpe desferido.

Quanto mais profundos os cortes

Quando me feres,

Mais darei aquilo que tu queres:

Multiplicarei tuas sementes

Para que não sintas fome,

E água que te dessedente.

Gerarei a sombra para teu conforto,

Abrigo neste sol tão inclemente.

Finalmente, depois de morto,

Quando nada mais me pedes,

Te abraçarei, e te cobrirei

No teu último instante

Pra que ninguém venha a sentir

Teu odor repugnante.

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 23/01/2015
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