Cala a boca

Arranquem tudo de mim , podem levar

tire-me o sono e a luz da cozinha

Levem o meu melhor pranto a versejar

só não me diga " calma"

isso me deixa nervoso

querendo surtar entre os vãos e vagos

cantos do remorso

e todos eles são largos

Onde escutar algo das paredes é fácil

onde saltar da ponte é opção

e o demônio se torna tátil

podendo sentir o fogo na mão

Sua boca abre um túnel de silêncio

um espaço estranho onde cair é infinito

quanto mais abre mais surdo e leve fico

confortavelmente esquisito

Você parece falar , conversar comigo

calma, calma, acalme-se!!!

enquanto me debato no estreito de tua garganta

cala a boca, cala a boca, se engasgue!!!

E enquanto você me mastiga

me embolo nos trapos aqui dentro

e a calma é confortável e esquisita

no fundo daquele silêncio.

Robert Ramos
Enviado por Robert Ramos em 18/01/2015
Código do texto: T5105904
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