SUFOCADO...
Divago alucinado e perdido,
em pensar no mundo e, nos homens...
chateia-me ter que pensar
desenrolar celeumas
aplicando regras vazias
pois o mundo corre mais que as palavras
muito mais que as respostas
muito mais ainda, do que as perguntas...
Quiça pudera eu, articular somente alegrias
manipular sorrisos, risos, gargalhadas,
saltar em queda livre
sentir o tempo passar
e sentir o vento no rosto
na certeza de não pensar em nada...
Um vazio alegre, onde o coração
não se submeta as taquicardias cotidianas,
as profanas acelerações mal agouradas,
onde o pulsar da jugular latejante,
não ofenda meus ouvidos
perfurando meus tímpanos
me fazendo louco, desajustado, delirante...
Sobrevivo em um tempo invertido
onde a desinversão é proibida
o amor é apenas uma concessão
um contrato, um acordo conveniente de vida
que anula a paz, a bondade da gente...
Os sonhos são os niveladores retráteis,
pois abastecem as ledas esperanças,
em acreditar no mundo e, nos homens,
como um olhar inocente de uma criança pobre,
ou na voz suave de um conselho de uma mãe...
Divago, devaneio, flano, viajo, fantasio,
crio de mim, o que espero em ti, em todos,
de todos, e, em ti, espero a vinda, não a réplica...
que as retóricas sejam diferentes, transmutem
e a compreensão despreze a timidez da paralisia
do sentimento contido, aquele que se fez,
e se faz escondido, omitido e, descaradamente
aleivoso e dissimulado...