SUFOCADO...

Divago alucinado e perdido,

em pensar no mundo e, nos homens...

chateia-me ter que pensar

desenrolar celeumas

aplicando regras vazias

pois o mundo corre mais que as palavras

muito mais que as respostas

muito mais ainda, do que as perguntas...

Quiça pudera eu, articular somente alegrias

manipular sorrisos, risos, gargalhadas,

saltar em queda livre

sentir o tempo passar

e sentir o vento no rosto

na certeza de não pensar em nada...

Um vazio alegre, onde o coração

não se submeta as taquicardias cotidianas,

as profanas acelerações mal agouradas,

onde o pulsar da jugular latejante,

não ofenda meus ouvidos

perfurando meus tímpanos

me fazendo louco, desajustado, delirante...

Sobrevivo em um tempo invertido

onde a desinversão é proibida

o amor é apenas uma concessão

um contrato, um acordo conveniente de vida

que anula a paz, a bondade da gente...

Os sonhos são os niveladores retráteis,

pois abastecem as ledas esperanças,

em acreditar no mundo e, nos homens,

como um olhar inocente de uma criança pobre,

ou na voz suave de um conselho de uma mãe...

Divago, devaneio, flano, viajo, fantasio,

crio de mim, o que espero em ti, em todos,

de todos, e, em ti, espero a vinda, não a réplica...

que as retóricas sejam diferentes, transmutem

e a compreensão despreze a timidez da paralisia

do sentimento contido, aquele que se fez,

e se faz escondido, omitido e, descaradamente

aleivoso e dissimulado...

Romulo Marinho
Enviado por Romulo Marinho em 11/01/2015
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