A Musa
Penteava, tranquila,
Seus cabelos de Medusa,
A musa.
Mirava-se num rio
De águas profundas,
Sua imagem desfazendo-se em círculos concêntricos,
Descrita nas palavras
Da gente confusa
Que não entendia a sua língua.
Deitava lágrimas nas águas
E risos nas margens.
Mergulhava fundo,
E embora não soubesse nadar
Jamais se afogava!
Enquanto isso,
A barca passava...
Poetas deitavam suas penas nas águas claras
Da musa impassível,
Formando conjuntos risíveis de luz e de trevas,
Mentes obtusas
Que se alimentavam
Das linhas da musa.
Julgavam com palavras excusas,
E profetizavam
Sobre o que somente ela compreendia.
A noite engolia o dia,
Apagando as inspirações...