Mistério da fé
Ouvi na voz de um ermitão
na sua pregação loquaz
que, um dia, o céu prometeu
águas de abençoar,
pro inferno aqui se extinguir...
Me esforcei, mas não cri
no corpo que mastiguei,
em forma dum ázimo pão,
nele não pude sentir
gosto de carne algum ,
nem um suspiro de dor,
Nenhum mistério, enfim...
E nem na minha embriaguez
do vinho tinto que bebi,
depois que, no chão, cuspi
não vi o vermelho de sangue...
Foi vã a minha comunhão...
Quente tarde de rubor,
com o chão a queimar os meus pés
com o grito abafado,
praguejando maldição...
Espero uma chuva que não cai,
mas passam, lá, sobre mim
nuvens cheias de vapor...
Não sei onde cairão...