As Vez é a vez dos Sólidos

Sim, uma linha complica, um traço pavoneia

De resto torna-se risco, círculo, os tracejos

E dessa feitura alinhada e à lápis enegrecido

Temos o desenho, na ameaça dos quadrados

A seguir somos a base, reta, distorcidos céus

E a linha imensa se vira ao horizonte e some

Os cones e basilicas de desespero desenham

Se oferecem sombra de quadro e má pinturas

A cada girar da pena o tracejar sem lei e teia

Um multiverso dos escapes da esperança rude

Somos o talento das mãos e escrevemos nada

Esta é tênue linhagem dum pincel outrora pena

Sofremos aos passos dessa retilínea realidade

E na geometria oferecida não desejo os papéis

De firme imposto mundo receamos os teclados

E de vultosa mancha empalidece esta garatuja

Estamos loucos, na trigonometria sem sentidos

Um sentimento de álgebra organizada em traço

Onde o sentimento se a fábrica de lá tem ilusão

e onde a vida sentida se acaso a fumaça cega?

Onde o poder desta linha que encerra rancores

e como ver além da faces geodésicas carentes?

Onde amor se equilibra entre figuras inexistentes

e cadê a felicidade prometida nas enciclopédias?

A sombra esconde. A verdade é tinta não suave.

Aonde mais encolherei a mais ferida das paixões?

O certo da retidão das formas é o lampejo divino

E alguém se lembra do amor, aquele sem passado?

Porém o fio se esparrama em rudes asfaltos raros

Se torna tudo o que disse e nada de amor enfim!

A minha travessura da escrita e do feitio esmorece

Você se lembra do amor e nada faz de esperança?

Escrevo aos ciclos, ao triângulo, ao calor desnudo

E louca, fraturada e amarga quero lembrar do amor!

Jurubiara Zeloso Amado
Enviado por Jurubiara Zeloso Amado em 25/12/2014
Reeditado em 25/12/2014
Código do texto: T5080358
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