As Vez é a vez dos Sólidos
Sim, uma linha complica, um traço pavoneia
De resto torna-se risco, círculo, os tracejos
E dessa feitura alinhada e à lápis enegrecido
Temos o desenho, na ameaça dos quadrados
A seguir somos a base, reta, distorcidos céus
E a linha imensa se vira ao horizonte e some
Os cones e basilicas de desespero desenham
Se oferecem sombra de quadro e má pinturas
A cada girar da pena o tracejar sem lei e teia
Um multiverso dos escapes da esperança rude
Somos o talento das mãos e escrevemos nada
Esta é tênue linhagem dum pincel outrora pena
Sofremos aos passos dessa retilínea realidade
E na geometria oferecida não desejo os papéis
De firme imposto mundo receamos os teclados
E de vultosa mancha empalidece esta garatuja
Estamos loucos, na trigonometria sem sentidos
Um sentimento de álgebra organizada em traço
Onde o sentimento se a fábrica de lá tem ilusão
e onde a vida sentida se acaso a fumaça cega?
Onde o poder desta linha que encerra rancores
e como ver além da faces geodésicas carentes?
Onde amor se equilibra entre figuras inexistentes
e cadê a felicidade prometida nas enciclopédias?
A sombra esconde. A verdade é tinta não suave.
Aonde mais encolherei a mais ferida das paixões?
O certo da retidão das formas é o lampejo divino
E alguém se lembra do amor, aquele sem passado?
Porém o fio se esparrama em rudes asfaltos raros
Se torna tudo o que disse e nada de amor enfim!
A minha travessura da escrita e do feitio esmorece
Você se lembra do amor e nada faz de esperança?
Escrevo aos ciclos, ao triângulo, ao calor desnudo
E louca, fraturada e amarga quero lembrar do amor!