Jornada do silêncio



Silencio.
É noite. Calam-se os sinos dos pássaros
na catedral adormecida.
E um violino na areia
vai se enredando na teia
das aleluias perdidas.

Silencio nos relógios ensimesmados,
nos meninos que se despedem dos céus,
nos vocábulos que as rosas não mais pronunciam,
nos jardins  que se eximem de um deus.

Silêncio nos luares dos poetas,
que nas aldeias queimam palavras
de coração em coração,
em dolorosa migração de lavas.

Entre os dois olhos dos vales
o silêncio se amplifica
no ramo da noite onde pousa a alma,
onde  Deus aninha a vida.