Rapto

RAPTO

há sempre um delírio que me rapta

quando atravesso meu estado de ausência,

entorpecida e sem promessas

o tempo descerra uma janela

para algo galopar endiabrado

desarrumando meu areiento universo.

vem e despe-me do deserto

que renega-me afogar.

há um pacto dele com o teu peregrinar

sobre chão e mar...

sobre mim também fazes andanças,

bem sabes que as horas

sempre te deixam entrar.

e vens e ficas despertando voragens

com um corpo suado sem dorso e crina

que te deixem domado.

leva-me sempre à deriva

d’um desejo de viajar no teu movimento

sem provocar motivos

que te façam parar ...

retornar, talvez um dia faria,

sem nunca pousar

vens e arrancas-me da raiz

pra levar-me a outro chão

num arrastão de vento indomado

em galope louco que me faz sentir

sem nunca se deixar enlaçar

MarySSantos
Enviado por MarySSantos em 19/11/2014
Código do texto: T5040533
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