O MOMENTO DOS ONZE MOMENTOS (de "O Plasma")

As sombras

e as cavernas

me dão medo.

Velho e tolo ranço

de costumes ancestrais,

quando

por um momento

eu experimento

o retraimento covarde

do meu Ser,

durante o momento

em que faltam

onze momentos

para a Consumação.

A pálida Alma

imprudente

lança-se de encontro

ao Devanir

desconhecido

e incerto,

quando

por um momento

eu experimento

um novo estado

de lucidez e consciência,

durante o momento

em que faltam

onze momentos

para a Consumação.

Esqueço

o tédio e a dor,

esqueço

a vergonha e a fome,

esqueço

os meus mais sofridos

ganidos íntimos,

esqueço

as minhas entranhas

em brasa,

onde a Inteligência

retraída

grita

e se agita.

Esbugalho

os olhos

e recupero a Lucidez,

quando

por um momento

eu experimento

a fúria acolhedora

do Deus Vivo

no seio sangrento

da sua Mãe Terra,

durante

o incrível momento

em que eu experimento

o momento

em que faltam

somente

onze momentos

para a Consumação.