Poetas Desinspirados
Poetas loucos, desinspirados
Rirão de mim em hiato
Quando eu já em último ato
Enrolei um nobre maço
Gela os ossos noite fria
Enquanto eu, filha da matina
Acordo tarde para a vida
Procuro vaga a paixão esculpida
Engasgo, fumaça ou escarro
E vivo bêbada de saúde distraída
Drogada por remédios de esquina
Eu, que fumo, saio ardendo ferida
Ainda não curo doença que castiga
Mas fumo, caso seja o último da vida
Eu, que esculpida em fumaça
Arde em mim o poder da graça
Escrevo, mesmo torta, a desgraça
Faço de mim poesia inscrita.