Desventuras do Espírito

Desventuras do Espírito

E ordenou que não houvesse luz e ela despareceu.

Janelas abertas e braços mornos para a escuridão.

Chamou o vento e trouxe velhas folhas ressequidas.

Uma fenda rasgou o peito quase perto do coração.

As folhas entraram e cobriram a nudez do espírito,

Não havia mais frio, todavia um reduto de calmaria.

Meus olhos contemplaram uma indescritível pureza,

Foi a primeira vez que resolveu olhar o mundo afora.

Encantamentos e vislumbres lhe roubavam sorrisos,

A humanidade espantosa lhe fazia querer ser carnal.

Até saber que a matéria era pó e para terra voltaria,

Frustrou-se com o mundo e com tudo o que nele há.

Retornou ao vazio com sua fé tragada e despedaçada,

Ali se ocultou donde nenhuma voz podia sequer ouvir.

Chorou suas lágrimas e fez a pele se arrepiar por fora,

Jamais se soube se em seu âmago, de dor, desfaleceu.

Victor Cartier

Victor Cunha
Enviado por Victor Cunha em 29/10/2014
Código do texto: T5015527
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