Desventuras do Espírito
Desventuras do Espírito
E ordenou que não houvesse luz e ela despareceu.
Janelas abertas e braços mornos para a escuridão.
Chamou o vento e trouxe velhas folhas ressequidas.
Uma fenda rasgou o peito quase perto do coração.
As folhas entraram e cobriram a nudez do espírito,
Não havia mais frio, todavia um reduto de calmaria.
Meus olhos contemplaram uma indescritível pureza,
Foi a primeira vez que resolveu olhar o mundo afora.
Encantamentos e vislumbres lhe roubavam sorrisos,
A humanidade espantosa lhe fazia querer ser carnal.
Até saber que a matéria era pó e para terra voltaria,
Frustrou-se com o mundo e com tudo o que nele há.
Retornou ao vazio com sua fé tragada e despedaçada,
Ali se ocultou donde nenhuma voz podia sequer ouvir.
Chorou suas lágrimas e fez a pele se arrepiar por fora,
Jamais se soube se em seu âmago, de dor, desfaleceu.
Victor Cartier