O SONHADOR

Sou fervorosa filha do sol
Mas são nos altos da noite
Que elevo meus olhos e busco farol...
Ninguém pode ser tão sozinho assim
Em alguma estrela vive quem espero
Uma parte oculta de mim...

Mas então eu penso:
O céu que se desnuda ao dormir do astro rei
é composto de luzes, que na maioria, apagou-se...
Vislumbro o pretérito das luzes com que sonhei
E se quem espero, de outra estrela observa o céu
recebe então a luz de um tempo onde não existi

Então essa não é uma espera real...
é só um sonho como grãozinho de areia
perdida no plasma sobrenatural
forjado no fogo da solidão
De quem muito procurou na terra
E nada achou... Apenas escuridão!

Olho então as luzes da cidade
no movimento tresloucado
dos seres que dormindo estão acordados
Quais são seus sonhos?
São sonhos agonizantes?
Sonhos de esplendor?
Pisam fundo no acelerador
E essa sinfonia de motores
É a canção daqueles
Que correm para seus amores?

E quando chega a madrugada, tudo silencia
Já chegaram em casa...
Amam, dormem... Sonham... Brigam...

Será que nessa nevoa calada
que já não me deixa ver o céu
Alguém de sua sacada
Tenta romper, de uma saudade incompreendida, o véu?

O sol nasce, e parece que nasci para esperá-lo
Nasci para ver nascer à luz de sua esperança
E na sua guarda honrar a lida com meu suor
E quando chegar à hora dele me deixar
novamente corro para olhar...
Olhar as estrelas, as luzes da cidade
os automóveis cheios de pressa...
Pois é assim, minha realidade...
e eu não poderia ser outra coisa que não poeta...
Pois, o incompreensível apenas a poesia revela!


 
Noah Aaron Thoreserc
Enviado por Noah Aaron Thoreserc em 27/10/2014
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