Um Eu Invertido
Um Eu Invertido.
(Djavam R. Silva)
Nasci do ventre morto de uma mãe sem nome,
Tracei os meus passos na brasa ardente,
Nunca fui descendente de nenhum amor.
As palavras me ferem com seu frio calor,
Não sou feito de ossos mas sim equações,
De milhões de destroços
De qualquer emoções.
Não fui concebido,
Simplesmente existe,
Como algo sem nexo, apenas um falso verso,
Da poesia que nunca escrevi.
Uma sombra de minha sombra,
Que devora sua própria alma,
Pelo prazer da eternidade,
Que destrói sua calma.
E que faz jazer seu corpo,
E um túmulo indigente,
Como se em verdade,
Nunca fosse gente.
Fosse apenas um suspiro de nada,
Tentando aprender a ser vida,
Um eu invertido,
Dentro de vidas que não são vidas.
Apenas pensamentos apagados,
Dos lamentos sagrados,
De alguém que veio do nada,
E para o nada, nada a cada dia.