Non sense
Que louca melodia
Rabiscava o grafiteiro
Ao sol do meio-dia.
Era uma manhã de maio
Chovia e caía raio
Na varanda, na tela de plasma
Pintava o pintor, dali...na tela em branco.
Tinha um bule molhado de chá
Um vaso com flor amarela
Tinha um doce de amor na panela
E um jogo de amarelinha
Carretel rosa com linha
E uma pipa que se perdeu.
Espanto...
Que sonho non sense abstrato
Nenhum desenho era meu...
Não era Monet nem Manet
Era um pintor mané...
Que acreditava em amor
Rezava, pintando, com devoção e fé.
Eu ficava deitada na pedra
Cansada de tanta espera
Que até o sol se escondeu
Acho que o pintor morreu.
Fechei os olhos... dormi
Era sonho, mas juro que vi
Vinhas num cavalo alado
Num terno de linho engomado
Flor de papel na lapela
Que maravilha que era
Ver-te assim enfeitado
Que sonho bizarro engraçado
Mas o sonho era só meu.
Da canastra de cristal,
Tiraste uma prenda
Era um lenço todinho de renda
Envolto num camafeu.
Nem sei em que século era
Esta coisa de Morfeu
A certeza eu tinha, era eu
Mendiga, fada ou rainha
Sonhando, dormindo acordada
A tua mão se estendeu.
Eram só desejos o sonho ...
Tocou-me primeiros nos olhos
Depois alisou meu vestido
Em mim teu olhar se perdeu
Herói ou moço bisonho
Deitou feliz ao meu lado
E comigo adormeceu...