Divisas
chego na soleira
e ergo a mão...
minutos indecisos
suspendem
meu bater na porta.
mordo os lábios
medindo a largura
e altura do obstáculo
pra encontrar motivos
para prosseguir-
do lado de fora
me desejam completa -
exigente é esse contexto
que me leva a bater e
faço uma,
duas, três e outras vezes seguidas.
insisto sem obter respostas e
assumo a responsabilidade
de invadir o silente
domicílio que me ignora
e vou abrindo, espreitando o interior
pacato, misterioso
e arrumado
como se nunca tivesse
residido alguém por lá.
lanço os olhos curiosos
por todos os cantos
investigando sinais
do que procuro,
quando percebo meu outro
lado,
noutra abertura
debruçado,
mirando o horizonte
por onde se fragmentam
realidades.
abandono a prévia intenção
de levar essa parte
de volta pra veracidade
e adiciono-me
a esse meu pedaço
de sonho.