chegará o dia que se apagarão as rotas e o abismo fartar-se-á
salto,
com impulsos arrancados da teimosia,
os cânions
que atravessam meus dias
chegará o dia que deixar-me-ei
seduzir aos apelos do abismo
por enquanto, sigo...
o caminho dos pássaros
tatuado no céu
até o paradeiro do dia
que adormeci com os sonhos agasalhados embaixo das asas
não há pausas,
interstícios longos ou curtos
que me interrompam a busca
do amor palpável, da confraternização das moléculas,
não apenas dos corpos,
mas das almas cercadas de finos dosséis ,
quiçá...
mais transparentes que a
névoa lunar
que se deixem trespassar por meus olhos ao encontro
da gema de onde surge
a florescência -
viva sem dor
haverá braços, algures
que me enlacem por enlaçar
haverá olhos que embebam meus lábios com um sorriso
inapagável
independente de crepúsculos
tingindo nenhures...?
chegará o dia que se apagarão
as rotas
e o abismo, de mim,
fartar-se-á
[já nada me sustentará... enfim]