Versos de inverno

Canso dos dias ocos e dos desenganos

E a tua boca fria mastiga seixos

Engole a noite

Regurgita escárnios

Me põe gelada...

Pela margem do rio

Vou colhendo outonos

Mas sei que estás em mim.

Degusto os dias

As manhãs de orvalho

E o musgo brota do concreto

Com as mãos vazias

Tento lembrar, mas logo te esqueço

Melhor não sofrer...

Eu era só areia

Quando em ti me lancei

Achei que eras mar.

Há uma verdade

Na manhã que amanhece

Nunca saem de mim,

Desejo e vontade

Teus olhos

Saudade.

E o dia é cinza, as paredes, marfim;

Confins de inverno...inferno?

No abandono

Voa para o pontal solitária a gaivota

Vai sorvendo o dia

Engolindo a noite

E volta a ser ilha.

(reeditado)

Maria letra e cor
Enviado por Maria letra e cor em 17/10/2014
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