poemas_sobre_recordacao.jpg
 

ÚLTIMA LEITURA




delineio palavras que um dia transpiraram
percorrendo, incansáveis, tardes laranjas.
tentei por longos dias mantê-las vivas
e aquecidas sem que notassem a dormência 
da (nossa) apatia.

em vão...

letras afinaram-se,
perderam a robustez, 
desnutridas da emoção
falida de nós.
divorciados ficamos das frases

dos parágrafos que sempre
pediam nova junção

e,

trabalhavam para a continuidade
dos capítulos.
um romance selando a rosa
que não quisemos levar, 
pra não termos que presenciar
a degeneração da cor 
e o silêncio do perfume... 

aberto agora o livro
mostra o flagelo de nossas crias
no deserto escrito por nós.

re.enterro as palavras suadas
com o calor das lembranças,
ficando apenas nos dedos
a ardência granulosa do sal.

 
 

 
MarySSantos
Enviado por MarySSantos em 17/10/2014
Código do texto: T5002381
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.