A BORBOLETA BAUHAUS (de "O Plasma")

Há algo carinhoso

guardado

dentro do sonho

que você sonha

quando abre

esta mala antiga

e encontra

um escaravelho,

desenhado

em cima de um papel preto

com cheiro de café.

Delira

e voa,

borboleta,

conforme te diz

a consciência.

Arremessada pelo instinto,

você fere

as asas

e burla

a lei do karma,

espalhando

em suas órbitas

o pólen da Vida,

o qual me embaraça

e me faz lutar

para conservar

perto de mim

esta fonte

de embriaguez.

Alucinadamente

tento resistir

ao impasse,

adulterando

as mais simples referências

de você

e recusando

a entender

que é belo

o teu olhar.

Amor,

só tenho a lhe dar

o produto

de minha alma romântica,

mais valia estagnada

na aorta

à espera

do momento certo

de fazer dela

um uso

criativo.

Porém,

um sonho

é a seu modo

uma revolução

e eu revoluciono

o seu vôo

quando não tenho

pressa

e espero,

consciente

que quem voa

lépida assim

só pode pousar

onde tiver flores

ou

quando estiver cansada —

e

estarei

eu,

mago

e

amigo.