Névoa
Chegou lentamente .
Esbranquiçando tudo.
Lentamente as nuvens pousam.
E, tirou o concreto diante de nós
As imagens desaparecem e só resta a luz.
Aviões estão às cegas.
Carros estão lentos tateando o caminho.
Pessoas andam cautelosamente
Pois tudo é memorizado e imaginado
Mas não está posto e evidente.
O sol fugidio perfura com seus raios a névoa
De forma cirúrgica e cuidadosa.
Pois já havia uma luz em espera.
Então o tom de prata e gris
Vai aos poucos se tornando de ouro e amarelo
As cores revisitam o viço.
As formas revisitam o limite.
E, os conteúdos florescem.
Não numa primavera qualquer.
Mas na floresta densa dos
corações humanos.
Lá fora por debaixo da névoa
Há uma selvageria implícita.
Há rumores e culpas que se expiam
Vige a certeza do abstrato inserido no concreto.
Parte de nós é névoa...
Outra parte é o céu infinito
Que concretamente nos abriga e consola.