Do alto da torre de marfim
Vi a fome que carcomia silenciosa
clãs inteiros.

A nobre pureza enlameou-se
no estreito metafísico
da solitária ciência e
da imaginária crença.

Os sonhos verdadeiros saem pelo chifre
bufando indignação e valentia.
Os sonhos falsos saem pelo marfim.
Do branco que não é branco e
nem é negro.
E que chegam aos céus dos suicidas.

E pulam para morte como se
flutuassem.
E flutuam como pudessem
apenas voar.


Estamos imersos em mesmice
em essência  circundante
que gira, rodopia e cai.

Há tanta solidão nessa santidade
E nenhuma santidade nessa solidão.
Há um egoísmo nato.
A certeza do cordão umbilical
a enforcar nossas raízes genéticas.

E nos fazer sobreviver numa
bolha possível.
No travo seco do caju.
Através da mancha deixada pela manga.
Ou no respingo de sangue
que goteja a vida,
no conta-gotas da magia.

Quando vejo daqui debaixo
as dimensões eclipsadas.

Pequenos em grandes.
Grandes em pequenos.
Espaços, dimensões e pontes.
Encaixes e desencaixes.
Numa sequência ilógica
e fétida.

A razão bolorenta.
Só quer traçar equações.
Quando tudo que temos
e resgatamos
são inequações
apocalípticas.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 06/10/2014
Reeditado em 02/11/2014
Código do texto: T4988650
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