Rua incerta
Uma brisa suave lambe a copa das árvores
E, com essa suavidade retiram as pedras das ruas,
E, na leveza dos sonhos, belos
Nessa vivacidade dos ventos...parados...
A brisa sonha que lava a alma das calçadas
E faz uma teia para segurar as pedras
Para que não fujam, não se escondam
Que fiquem ali, ao alcance das mãos...
De repente um vento brusco, alterado
Talvez de um sudoeste asiático
Puxa a brisa- como se em respiração fosse-
Se transforma em água-viva, transparente
E a poetisa
Louca de amor
Se abstrai
É absorvida
Teletransporta;
soberanamente se esconde, embaixo de uma sombra íntima
olhos intensos a uma suposta inércia
levanto a parede do não-respirar
me transformo em forma linear
Enlouquecida,
Estarrecida
Lentamente volta ao começo
Olhos fechados, átimos do tempo vivido
Calçadas nuas,cruas na sua verdade
Calçadas com suas vidas verdes
Calçadas,sentimentos perturbados
Calçadas, nuances que independem das letras da poetisa...
Calçadas,
Vielas,
Becos
Sonhos de palavras caladas...
A poetisa tenta prosseguir
Para não sonhar sua brisa interna
Adormece para esse sonho alado,
Transpõe sua solidão embevecida...
Letras incertas,
Poetisa gregária...