Alexandrita
Saindo de minha casta
Meu corpo reinvento
Vou do laranja ao vermelho sangrento
Sob a luz do sol sou eternamente verde
Vermelha volto a ser sob lâmpada incandescente
Teu desejo já resolvido, morto enterrado para sempre
Sob a luz do teu olhar meu desejo mais indecente
Se não queres entender o meu lado
É porque de pedra rara sou descendente
Se não reconheces o valor do mineral
Ele bem saber ver quem o valoriza
Se instalando de modo exatamente natural
Num campo onde ninguém mais habita
E brilha solitária a pedra sem sentido
Agora sozinha num pedestal em algum museu
Diante da infinita cegueira do ser desconhecido
Contando uma história que ainda nem viveu
Dentro de uma redoma de puro cristal
A pedra chora sem lágrimas no olhar
Esperando que um dia seja resgatada
E sabendo que este dia nunca vai chegar
Minha inspiração se dá pela coleção de pedras que tenho, não de grande valor econômico como estas de minhas poesias, mas de valor inestimável pela história que tenho com cada uma delas. Minha inacabada coleção de pedras será sempre uma coleção de pedras inacabada.
PS: Alexandrita é uma pedra mineral que muda de cor de acordo com a luz que incide sobre ela. Pode refletir cor laranja, amarela, avermelhada e outros tons distintos. Sob a luz do sol ela parece verde, ao contrário que sob uma lâmpada incandescente a gema fica avermelhada. Esta pedra foi encontrada pelo finlandês Gustaf Nordenskiold e foi intitulada de Alexandrita em homenagem ao futuro Czar Alexandre II da Rússia. É uma pedra sofisticada e acredita-se que mostra o lado mais refinado e mais elegante da vida.