Recidivas
Dos corações recidivados
Adormece esvaído e sóbrio
Este salão de uma mesa só
Enaltece quatro túneis prostados
Do carpo? Dos olhos ante o ébrio
Estarrecido, chega faz dó
“Pense num cabra trabaiadô!”
“Aquele é usina, tonel de cachaça!”
E o pobre, envolvido com uma mulher
De capitão, traficante e doutor,
Sob o matuto chumaços, fumaça,
Dividir? Mas não era uma qualquer
O ermo, o Sol e o roçado, quantos
Tesouros deixara por uma devassa?
E o homem, caído aos prantos,
Feito bezerro, tombando na praça,
Esvae a doce ilusão em tragos
Mata a sede no lago da consciência
Musical “fogo-pagô” aos ouvidos
E jamais serão olvidados
Malandragem, ilusão, indescência,
Feito ato falho o inferno algoz
Avassalador furtou-lhe os dias,
Família, amigos... passado atroz
Fissura, vem, em recidivas,
Em dor, amor, ventilador...
Salve, Cristo-Redentor!
(Niedson Medeiros, 10 de setembro de 2014)