Espectro
Dentro de um quadrado rebocado
No verso de um poesia morta
Repasso uma vida toda a limpo.
Tento roubar do poeta a palavra mais doce
E das estrelas um único brilho.
Mas o poeta contudo nunca escreveu nas estrelas
Algo que fosse somente seu.
Numa epopéia sem título e herói
Deito-me sobre folhas de vidro
E adormeço coberto pelo sêmem da escrita.
No silêncio das palavras
Uma rosa sem nome e sem pétalas
Cortam o aço de meu coração
Como um fantasma que sempre volta.
Um ser tão perfeito e tão finito
Preso à fragilidade orgânica da vida
Frente a um enigma de palavras
que nunca busquei.
Alessandro Faria de Oliveira.
S.L.M. BELOS 17-12-05