Releitura de uma Nuvem

Quase não sinto esse afago

e me afogo na falta

no surgimento do não dito

do não dado

de um vento tão certo

cruzando a janela

Em dado momento,

é dada a morte da lembrança

antes de nascido o surgido

com suas marcas imperceptíveis

de um quase sentido

de um quase afago

disponível

imperceptível

no rio dos olhos

Quase sinto o prazer do não dado

por pouco, mas não tive o cuidado

de aprisionar o momento morto

do objeto desse quase caso

de um azul lá do céu

ou de um mar intangível

Em dado momento,

dá-se a vida do Quase

então, me afogo no afago

da falta de um surgimento

no quase de um acaso

sem um rio largo

sem janela de rio

Quase não sinto a lembrança

do sentido de um afago

e me afogo na quase lágrima

que atravessa a janela

em cada vento gelado

desse não dado