Sintético
Chiados e chuviscos
o céu ainda
azul anil veludo
pássaros negros riem alto
e alto voam
como retalhos de pano branco, em luto.
Pingos umedecem
a rua, sufoca-me.
Do azul à violeta
vem o bosque de terra amarela com bancos de praça
caravela.
Sol poente, eloquente verde dourado.
Ruídos minúsculos,
escritos de substância tóxica
letras de canção, doença.
Flores ventam
prédios dançam, lentamente, sensualmente, sutil
seus espelhos refletem
luzes como do círculo monocromático.
Enfervescer a febre
cheiro de mofo
marrom diluído
no tronco das árvores.
Pombos gritam, cospem, com foices erguidas
suas penas são dólares.
A terra cor de carne
vermicidas
tríade de ossos.
Da janela do quarto
gemidos/luz de discoteca
não posso discernir tonalidades
é meio sonho, opaco
esse/nesse delírio.
Portas asas
paredes velhas, sábias
senhoras de colares de pérolas.
Prostitutas.
Círculos, giros
dormência
som de vermelho impetuoso.
Consigas a parte
e o resto de faz.
Pão com água.
Gnomos salamandras fada.
Pó, sacarose.
Elementos, overdose.