Sintético

Chiados e chuviscos

o céu ainda

azul anil veludo

pássaros negros riem alto

e alto voam

como retalhos de pano branco, em luto.

Pingos umedecem

a rua, sufoca-me.

Do azul à violeta

vem o bosque de terra amarela com bancos de praça

caravela.

Sol poente, eloquente verde dourado.

Ruídos minúsculos,

escritos de substância tóxica

letras de canção, doença.

Flores ventam

prédios dançam, lentamente, sensualmente, sutil

seus espelhos refletem

luzes como do círculo monocromático.

Enfervescer a febre

cheiro de mofo

marrom diluído

no tronco das árvores.

Pombos gritam, cospem, com foices erguidas

suas penas são dólares.

A terra cor de carne

vermicidas

tríade de ossos.

Da janela do quarto

gemidos/luz de discoteca

não posso discernir tonalidades

é meio sonho, opaco

esse/nesse delírio.

Portas asas

paredes velhas, sábias

senhoras de colares de pérolas.

Prostitutas.

Círculos, giros

dormência

som de vermelho impetuoso.

Consigas a parte

e o resto de faz.

Pão com água.

Gnomos salamandras fada.

Pó, sacarose.

Elementos, overdose.

Liz de Flor
Enviado por Liz de Flor em 15/08/2014
Reeditado em 18/08/2016
Código do texto: T4923865
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