O Limbo Da Escuridão
O incolor da transgressão da incerteza,
Que divide os vivos dos agora mortos,
Na mais profunda ausência de luz,
Ensandece-me a percepção do real,
Obscurecido na névoa gelada do irresoluto,
Pairo no ar desagravando a miragem,
Fixada no vazio duma qualquer treva dourada,
O peso leve duma leda alvorada privado,
A longa noite onde perpassa a minha coutada,
Onde deixei navegar o espírito da eterna paz,
A derradeira chamada ao altar da noiva cadáver,
Que sobreviveu num esgar de dor,
À minha insolente passagem,
Em noite de tamanhos finados,
De desfocadas sombras roubadas,
E almas fugidas de tão perdidas,
O dócil negrume vingou,
Pintando de negro ao cair,
A minha infame despedida.
Lisboa, 30-9-2013