UMBRAL
Um tiro e um beco escuro. Trevas!
Quão longe corri... Quão alto gritei
Trevas!
O peito ardia. Olhos escureciam
De alma em lágrimas gritei:
- Deus! Por quê?
Murmúrios me assombravam
Cânticos de dor e revolta
Um arrepio gélido de carne morta.
Morto, como?
Ainda nem amei demais. Nem lutei
E o quanto andei? Tão pouco...
Mal provei a vida.
Ignorância!
Uma voz me diz:
Nem amou nem deixou se amar
Não lutou o bastante porque fugiu sempre
Andou sim, Nesse eterno beco
Desperdiçou tanto a vida... Que a esgotou
Ignorante sim.
Porque teu lamento assombra
Teu canto te revolta
ES tua, a carne morta.
Agora veja...
Esse beco não é escuro
“você que está cego”