O Dia em Que Fui Escuridão
O Dia em Que Fui Escuridão
Abri as portas,
Deixei as trevas entrar.
Os meus pés no chão frio, visões.
Não há remorsos,
Vesti-me de escuridão.
Eles baixaram o olhar incisivo.
Uma gota de sangue,
Os rios mudam de cor.
Deixam-me passar, bichinhos.
E as víboras
Sentindo encantado odor,
Pela neve me seguiam.
Eu sou o tal,
Para ser cruel e banal.
Ouço almas e assovios gélidos,
Que vem da minha boca.
Vejo o além,
E eles me temem!
Com minhas chamas, comigo.
No cume do monte,
Uma lenda, ou um mito.
E ainda hoje se é dito,
Do dia em que fui escuridão.
Victor Cartier