Sempre haverá um barco a seguir
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o sol adentrou na boca e trespassou a nuca
caindo no horizonte perdido de uma costa de montanha;
rumo olvidado a acolher exilados das nascentes.
sempre que o repiquete da noite surra o mar.
ondas beiram meus olhos,
marujos que remam sem descanso
deixando represados n’alguma praia,
acenos de esperança..
se não fossem diques rompidos
saciando o balanço dos lenços,
dunas jamais conheceriam espumas.
às vezes gostaria de ficar apenas nas margens
esculpindo nas curvas que o vento talha,
um rosto adorando gaivotas
a fatiar espessos nevoeiros,
embalar-me-ia nas asas desses pássaros
que sempre ladeiam solitários veleiros.
mas sou um devaneio sem timão
seguindo à deriva e encalhando
sempre na quimera de encontrar
a carência de um porto,
que não me faça perguntas
e apenas me ancore em seu
peito de respostas.