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Violinos de Chuva


perfumou-se a noite 
de lavanda, 
p'ra fazer cair
por terra os mistérios.

tons de lilás e prata
se acomodaram pelos cantos, 
quando a lua fez descer dos ombros,
finas alças de organza. 

não se sabe por que, 
como se fossem cortinas, 
diamantes começaram a cair, 
quando o céu reuniu nuvens para 
recitais de violinos

naquele noturno, 
tudo queria se despir.

ergueu-se e fez que receios 
e dúvidas descessem 
pela garganta 
- pediu ajuda à taça de vinho.

afagou o cansaço das viagens
e retirou, lentamente, 
todas as curvas fechadas 
que desenhou na estrada.

quase com fúria, arrancou e quebrou
as placas com tintas descascadas;
nunca revelaram as verdadeiras direções.

deslizou as mãos pelos precipícios
que serpenteavam as margens e 
os fez cair, sem pudor, 
expondo as reais
profundidades.

desfez os laços das aventuras
e deixou-as cair, também,
uma a uma;
algumas tinham cores de troféus,
outras tinham rasgos de espinhos.

poxa, 
também queria se despir das
flores, pássaros e borboletas;
pequenas e doces imagens que,
tão pacientes, enfeitaram a estrada. 
fez isso com muito cuidado,
pois haviam sido presentes.

ainda haviam os rios por 
onde a estrada mergulhou; 
estes foram rasgados, 
pois exigia pressa, 
aquele momento.

- foz e arco-íris se espalharam pelo chão.

o som de um suave e 
contido sorriso 
se acomodou no ouvido. 
também sorriu;
aquilo era sinal
de boa aceitação. 

arrumou com cuidado,
diante dos pés,
as oferendas de honestidade 
e, dando um passo a frente
com olhar transparente...
nua dos confortos e perigos, 
permitiu que os lábios 
bailassem um pedido:

- casa comigo?
MarySSantos
Enviado por MarySSantos em 18/07/2014
Código do texto: T4886973
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