Titulo desnecessário

Quem sou eu?

Que pergunta idiota

Eu sei bem quem sou eu

Chega desse existencialismo barato

Pra onde vou?

O que importa meu destino?

Se sei bem que o caminho é que faz o doce da viagem

O final de todas as coisas é a entropia, e nada mais

Pois afinal todos somos estrelas em queima

De onde eu vim?

De minha mãe, ora essas

De que mais poderia ser? De um vidro talvez, mas também já saberia

De onde eu vim é do passado e no passado fica a pergunta

Pois o presente é o continuo

Como um ponto que segue uma reta e jamais passará por aqui novamente

Que coisa louca

Pensar é louco e não é filosofar

Filosofar é o ato de filósofo que é qualquer um que se pergunta

Falar bonito não é filosofar, e poesia não é filosofia se não houver pergunta

Então filosofo dos tempos me considero

Pois a eles pergunto pelo ato de indagar

Pois, afinal, a pergunta é que importa, muito mais que a resposta

Quem no final sabe a resposta na verdade se ilude

Pois cria farsas sistematizadas

Se o mundo é relação de produção então o que faço eu ocioso escritor?

Que produzo nada mais que indagação, e indagação é fruto do não ser

Pois sou que não sou e logo passo a viver

Inconstante, ainda bem, e nunca metamorfose ambulante

Pois sou eu mesmo em vários nós de incontáveis dós

Em uma mitologia concêntrica de um deus só

Que na verdade tem varias faces

E uma delas

É você