Persianas A-Z
Parecem pequenas zebras
tipo um café com leite que se mexe
pela manhã são ainda mais revoltas
os dedos não tocam mais mozart
alguns, a xicara de um café ansioso
a outra mão inteira a pressiona
afasta cada listra
as imagens
nada agradáveis
deformam o rosto pela ventana
olvidar queria existir
para não mais lembrar que vi
não mais lembrar que ouvi
as zebras ao vento da ventana
a corrida nas sombras da mañana
dos olhos castanhos que mentiam pra mim
meus dedos naquela persiana
do outro lado suas histórias, minhas memórias
seu riso sardônico
meu choro jônico
não havia amor, além da visão, de outro amor
aconteceu, acontecido, acontecendo
eu estava vendo
e morrendo de dor
de cotovelo. (foda-se!)