Persianas A-Z

Parecem pequenas zebras

tipo um café com leite que se mexe

pela manhã são ainda mais revoltas

os dedos não tocam mais mozart

alguns, a xicara de um café ansioso

a outra mão inteira a pressiona

afasta cada listra

as imagens

nada agradáveis

deformam o rosto pela ventana

olvidar queria existir

para não mais lembrar que vi

não mais lembrar que ouvi

as zebras ao vento da ventana

a corrida nas sombras da mañana

dos olhos castanhos que mentiam pra mim

meus dedos naquela persiana

do outro lado suas histórias, minhas memórias

seu riso sardônico

meu choro jônico

não havia amor, além da visão, de outro amor

aconteceu, acontecido, acontecendo

eu estava vendo

e morrendo de dor

de cotovelo. (foda-se!)

Clóvis Correia de Albuquerque Neto
Enviado por Clóvis Correia de Albuquerque Neto em 15/07/2014
Código do texto: T4883497
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