VIAJANTE INTERESTELAR

Os de meu convívio

Dizem dos meus olhos:

Ora são profundos demais

Ora são vazios

Ora de vidro multicolores

Ora são olhos de morto-vivo

Ora sem alegria, sem dores!

Somos todos viajantes interestelares!

Depois que um anjo me fez esta revelação,

Não consigo viver só “rastejando no chão”,

Às vezes, deixo este corpo de carne, tão frágil

E me lanço na imensidão tão lépido, tão ágil...

Por isso, vivo por entre as gentes,

Com olhos dos seres dementes:

Ora vazios

Ora distantes

Ora de vidros de múltiplas cores

Ora tão profundos

Ora sem alegria, sem dores!

Minh’ alma embriagada

Com as belezas de alguma distante esfera,

Esquece que sua veste de carne

Na Terra, já a espera!

Para compensar minha ausência

Espero deixar como herança

Algumas dúzias de verso

Que forjei com paciência

Nas minhas andanças

Pela imensidão do Universo!

Manoel de Almeida
Enviado por Manoel de Almeida em 14/07/2014
Código do texto: T4882215
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