café forte

*

bambeei até a escada.

sentei no último degrau.

respirei fundo.

chorei.

chorarei todo o necessário inda aqui embaixo. e vomitarei.

vomitarei todo o álcool. todo o esperma q bebi por esses dias.

voltar com cheiro de porra só pioraria a situação.

hoje eu cansei da rua.

senti saudade de teu café forte. de teu cheiro de cigarro.

senti saudade do teu jeito tão feminino de me ouvir de me entender de me comer.

senti saudade do teu olhar desapontado sempre q bato a porta

berrando q o corpo é meu q não mandas em mim.

hoje cansei dos bares dos motéis das calçadas das esquinas dos becos.

hoje nem todos os braços mais fortes e peludos

nem as rolas mais rígidas da cidade me livraram do frio.

não deixei de pensar em ti.

a lembrança de teu desalento quando parti. gritos para q eu ficasse.

o soco q deste na porta do quarto. tua debilidade ante meus caprichos.

tudo aquilo me aborreceu. me deixou com ódio. me irou.

não mandas em mim. caralho.

parti sem olhar para trás.

hoje cansei da rua. garrafas inda estavam cheias.

a garganta também. bebi todas as almas numa semana.

hoje estou com saudade de ti. de tua falta de ânimo para o mundo.

de tuas roupas das mesmas cores mesmos cortes mesmas roupas.

breve amanhecerá. deves está dormindo. do mesmo lado.

com um pé para dentro outro para fora do cobertor.

é hora de entrar. tomar um banho. deitar ao teu lado.

ao acordar fingiremos q nada aconteceu.

farás um café forte. me beijarás a boca. perguntarás se dormi bem.

*****

nossa vida está encaixotada.

uma garrafa de café um maço de cigarros

uma folha em branco em cima da mesa.

já não estás

aqui.

eu

aonde estarei?

*

geovanne otavio ursulino
Enviado por geovanne otavio ursulino em 14/07/2014
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