O Sonho De Mim

Acordei um certo dia de mim,

Embalei-me ao sabor da brisa,

Percorri caminho tão ruim,

Em camisa de seda lisa.

O labirinto do sensorial,

Encheu-nos vetustos,

A impotente alma carnal,

Que nos sustenta iméritos.

Perdidos no tempo maculado,

Desviando por entre findos ecos,

No céu ocre sempre nublado,

Vagueando por desertos secos.

Ao corpo que nos sustenta,

O sonho da nossa vida,

Agora desenrolada avarenta,

Num fogacho apátrida.

O sonho efémero em cilada,

Não foi mais do que lágrimas,

Caídas da minha fronte enrugada,

Num embuste virar de páginas.

As tempestades onde me recriei,

Desconstruindo o ilógico marasmo,

Das buscas vãs em que me enredei,

Ao sentir o teu sorriso em pleonasmo.

A embriaguez do meu laço apertado,

Que me deixa veras contundido,

Não poder respirar ar puro afortunado,

Esconjuro-vos terem-me confundido.

Presos ao pedantismo infantil,

Obcecados pelo ser orgástico,

Deambulam perdidos num ardil,

Figuram num circo alegórico.

Respeitadas mentes tresloucadas,

Porque decifraram a sua ausência,

No âmago do inatingível amarguradas,

Pediram incessantes por vã clemência.

Lx, 5-6-2013

Paulo Gil
Enviado por Paulo Gil em 09/07/2014
Código do texto: T4876091
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