O Sonho De Mim
Acordei um certo dia de mim,
Embalei-me ao sabor da brisa,
Percorri caminho tão ruim,
Em camisa de seda lisa.
O labirinto do sensorial,
Encheu-nos vetustos,
A impotente alma carnal,
Que nos sustenta iméritos.
Perdidos no tempo maculado,
Desviando por entre findos ecos,
No céu ocre sempre nublado,
Vagueando por desertos secos.
Ao corpo que nos sustenta,
O sonho da nossa vida,
Agora desenrolada avarenta,
Num fogacho apátrida.
O sonho efémero em cilada,
Não foi mais do que lágrimas,
Caídas da minha fronte enrugada,
Num embuste virar de páginas.
As tempestades onde me recriei,
Desconstruindo o ilógico marasmo,
Das buscas vãs em que me enredei,
Ao sentir o teu sorriso em pleonasmo.
A embriaguez do meu laço apertado,
Que me deixa veras contundido,
Não poder respirar ar puro afortunado,
Esconjuro-vos terem-me confundido.
Presos ao pedantismo infantil,
Obcecados pelo ser orgástico,
Deambulam perdidos num ardil,
Figuram num circo alegórico.
Respeitadas mentes tresloucadas,
Porque decifraram a sua ausência,
No âmago do inatingível amarguradas,
Pediram incessantes por vã clemência.
Lx, 5-6-2013