Sou o que sou.

Autor: Daniel Fiúza

14/05/2007

Sou o meu próprio pensar

o simples do limiar

a ira do não ficar.

Sou minha estrada e meu passeio

o trabalho e o recreio

a carta e o correio

à bala no tiroteio

as duas pontas e o meio.

Sou o guizo e o pé cobra

começo do fim da obra

o tanto que dar e sobra.

Sou o rastro da minha alma

o lastro da minha palma

o mastro da minha calma.

Sou sol filtrado em peneira

o papo sério e a besteira

a queda na ribanceira

o preço no fim da feira.

Sou uma sombra que some

o ácido que me consome

a fera que fere e come

aquele que não tem nome

o couro do lobisomem

pecado feito em enxame.

Talvez o fim do caminho

a ponta do fino espinho

o gosto acre do vinho

o meu caminhar sozinho

a emoção e o carinho.

Sou o aperto do alicate

o enigma e o disparate

a falta do arremate

o elo do desengate.

Eu sou o que procurei

lugar aonde cheguei

a culpa que conquistei

sou a vida que ganhei.

Domfiuza
Enviado por Domfiuza em 14/05/2007
Código do texto: T487327