OLHOS DE UNIVERSO

No sol vespertino, deambulo pelas ruas,

Minh’alma quietinha dentro de mim:

Olhando pelas janelas dos meus olhos,

Olhos outros, em faces nuas,

Que olham como quem nada vê

Nem nada esconde,

Indo para nem sabem onde!

Min’alma assusta-se com tanta realidade nua,

Esquecendo por instantes da própria sua!

Lê-se em faces preocupadas:

“A vida é mesmo assim.”

Se certas ou se erradas,

Esse conformismo e delas e de mim,

Como elas, não sei para onde vou nem de onde vim!

Min’alma, que sou eu “de corpo e de alma”,

Agita-se toda, se inquieta,

Quase perde a calma,

Pede com urgência papel e caneta:

Acordou minha verde de poeta!

Vou colocar em verso

Esses olhos de universo!

Manoel de Almeida
Enviado por Manoel de Almeida em 06/07/2014
Código do texto: T4871498
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