O Êxtase
O êxtase da liberdade de espírito alcançada,
Senti-la esvoaçar escapando entre os dedos,
Vivenciá-la extorquindo-a aos nossos medos,
Guardá-la sempre arrebatadora e ousada.
O êxtase da alvorada fresca e dócil,
Por todos nós insanamente procurada,
Vagueando por aí tão fraccionada,
Num pasmo apaziguador e grácil.
O êxtase do momento certo e impoluto,
Presenciado em total delírio e devaneio,
Vivido em tão angustiante e puro anseio,
Almejado por todos nós em absoluto.
O êxtase do tempo gasto inglório,
Em funestas incongruências senis,
Diluídas no âmago do inatingível,
À espera do inalcançável impróprio.
O êxtase dos afectos sentidos,
Introvertidos nas simpatias gizadas,
Em empatias cúmplices jamais olvidadas,
No ponto de fuga do horizonte perdidos.
O êxtase do fervilhar do pensar,
Periclitante e fugaz na razão,
Induzindo em contra mão,
Sem o arrojo nunca apresar.
Lx, 18-4-2013