O Êxtase

O êxtase da liberdade de espírito alcançada,

Senti-la esvoaçar escapando entre os dedos,

Vivenciá-la extorquindo-a aos nossos medos,

Guardá-la sempre arrebatadora e ousada.

O êxtase da alvorada fresca e dócil,

Por todos nós insanamente procurada,

Vagueando por aí tão fraccionada,

Num pasmo apaziguador e grácil.

O êxtase do momento certo e impoluto,

Presenciado em total delírio e devaneio,

Vivido em tão angustiante e puro anseio,

Almejado por todos nós em absoluto.

O êxtase do tempo gasto inglório,

Em funestas incongruências senis,

Diluídas no âmago do inatingível,

À espera do inalcançável impróprio.

O êxtase dos afectos sentidos,

Introvertidos nas simpatias gizadas,

Em empatias cúmplices jamais olvidadas,

No ponto de fuga do horizonte perdidos.

O êxtase do fervilhar do pensar,

Periclitante e fugaz na razão,

Induzindo em contra mão,

Sem o arrojo nunca apresar.

Lx, 18-4-2013

Paulo Gil
Enviado por Paulo Gil em 05/07/2014
Código do texto: T4871026
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