FASTIO

Do soco seco vindo de uma dor extrema

nasceu um poema tão sincero, tão bonito

como se, escrito, o que rasgava em dois o peito

adormecesse no papel, mas levemente...

Quisera mesmo era apagar, do estrago, o efeito

mas o que é grave, a alma grava e é indelével

e a razão, que teima em greve nessa hora,

só colabora em aumentar esse fastio...

Resta voltar o rosto para um outro canto

e escrever tanto, tanto quanto for preciso

para que a dor escorra, inteira, pelos dedos

e adormeça no papel, eternamente...

FASTIO - Lena Ferreira - mai.14