A SULTANA

Era um corpo branco

De tule azul adornado

Transparente, muito leve

Nos seios, cintura e barra

Rendas e brilhos prateados!

Nas mãos um punhal de madeira

Grande, fino, pontiagudo

Redondo de sete arestas

No lenho cru sextavado!

Eram sete cavalos negros

De clinas longas, rebeldes

De ventas bufando, inquietas

Todos os sete a postos

Prontos para viajar

Presos a sinistra carruagem

Que há de as pontes cruzar

Até chegar seu destino

Bem além, além do ar!

Através da música sacra

Que emanava do alto

Da casa grande do sonho

Visitada nessa noite

Eu vi a sultana Lua

A favorita do rei

Dançando linda, na rua

Enquanto passava o cortejo

Do que fora seu amo e senhor!

Eu vi a sultana Lua

Em liberdade afinal

Acabou-se o cativeiro

O amor que só lhe fez mal!