Condição Humana

A peste desceu à cidade,

Insalubre e coberta de esterco,

Negra de cheiros nauseabundos,

Asfixia-nos o ar fétido fedorento.

Pragas de insectos corroem tudo,

Roedores pejados de pulgas,

Pululam nos despojos.

O fedor dos dejectos,

O urinol a correr,

Pela grande via abaixo,

O lixo omnipresente,

Em todo o lado, vaza das casas.

Consumir desregradamente,

Exponencialmente em vão.

Ainda ontem violavam,

Matavam e canibalizavam,

Hoje pavoneiam-se em frente,

Do espelho narcisista,

E esperam pelo paraíso,

À tardinha no ocaso da vida.

O prazo de validade expirou,

Há muito na ilha da Páscoa,

A praga humana instalou-se,

Nesta jangada de pedra,

Tal qual um formigueiro acéfalo.

Lx, 9-8-2010

Paulo Gil
Enviado por Paulo Gil em 28/06/2014
Código do texto: T4862299
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