A SANHA SELVAGEM (" de "O Plasma")
Encolhido
ao lado do seu cubículo abstrato,
o pensador acumula
de grão em grão
os preciosos
e derradeiros
pontos de luz.
Nas órbitas instáveis
os seus olhos iluminados
cintilam,
mil vezes recompensados
pela presença delirante
da Eternidade.
As setas flamejantes
assinalam
as opções simultâneas
das suas pupilas errantes,
fixadas num único foco
múltiplo e distante:
o Ovo Divino —
na divina palidez
nascitura
da sua própria Infinitude.
Embriagado
pelos vapores sagrados,
rodando a cabeça,
o talentoso intelecto
povoado de gnomos e vermes,
então ele ri,
abandonado
durante a Noite,
porém sonhando
com virgens,
dragões
e fadas.