Inadaptados

Soltaram os anjos do mal,

Andam à solta em bando,

Aniquilaram os sonhos,

Choram as mães em pranto,

Quando a luz se apagou,

O menino nasceu santo,

A Gomorra foi pousar,

Perdeu-se do rebanho,

Assim que ousou pensar,

Afogado num abismo,

De frivolidades,

Indescritíveis.

À medida que o tempo se esbate,

E se tira o corpo do escaparate,

A alma amarelecida e gasta,

Cansada de voar,

Ousou cantar um dia,

Era noite de luar,

Um hino à sua vida,

Rumo além-mar.

A esperança perdida,

Num jogo de azar,

Deu-lhe guarida,

Até a tristeza chegar,

O destino sentenciado,

Tinha proclamado,

Um herói inventado,

A viver desarmado.

Que desilusão,

O menino abençoado,

Predestinado,

Afinal não era soldado,

Tinha o ouro na mão,

No pescoço um laço apertado,

Vivia numa sala de pânico,

A guardar a porta um cão.

Os dias passam,

Sem vontade,

Os sorrisos acabaram,

Esquecidos,

Só restam os lamentos,

Molhados,

Só resta a melancolia,

Do olhar,

Só resta o vazio,

Do meu pensar,

E a alegria dos outros,

Para invejar.

Lx, 7-7-2007

Paulo Gil
Enviado por Paulo Gil em 22/06/2014
Código do texto: T4854984
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