Inadaptados
Soltaram os anjos do mal,
Andam à solta em bando,
Aniquilaram os sonhos,
Choram as mães em pranto,
Quando a luz se apagou,
O menino nasceu santo,
A Gomorra foi pousar,
Perdeu-se do rebanho,
Assim que ousou pensar,
Afogado num abismo,
De frivolidades,
Indescritíveis.
À medida que o tempo se esbate,
E se tira o corpo do escaparate,
A alma amarelecida e gasta,
Cansada de voar,
Ousou cantar um dia,
Era noite de luar,
Um hino à sua vida,
Rumo além-mar.
A esperança perdida,
Num jogo de azar,
Deu-lhe guarida,
Até a tristeza chegar,
O destino sentenciado,
Tinha proclamado,
Um herói inventado,
A viver desarmado.
Que desilusão,
O menino abençoado,
Predestinado,
Afinal não era soldado,
Tinha o ouro na mão,
No pescoço um laço apertado,
Vivia numa sala de pânico,
A guardar a porta um cão.
Os dias passam,
Sem vontade,
Os sorrisos acabaram,
Esquecidos,
Só restam os lamentos,
Molhados,
Só resta a melancolia,
Do olhar,
Só resta o vazio,
Do meu pensar,
E a alegria dos outros,
Para invejar.
Lx, 7-7-2007