Verdades claras, radioativas
Radiante, espalha suas pétalas
pelo azul do céu e eu, deslumbrado,
assisto ao gesto deste azul celeste cair
no abismo
de doces desesperanças
como um dicionário
que mesmo completo, nada diz.
E pastoreio minhas palavras
como quem escreve sem vírgulas.
Sinta o som das vírgulas ao vento! Antecedem pontos.
Penumbra de sonhos impregna o intelecto
dos miseráveis que alçam vôos em suas vírgulas letárgicas.
Sobem, sucintamente.
Alcançam tons, semitons, maravilhas alvas,
claras, raras, aras e aras e aras.
Aram livros desertos
com arados movidos ao vento que move vírgulas mudando sentidos.
Trocando dizeres de mudo a ditos.
Os não dito se espalha, radiante,
verdades radioativas.