DESERÇÃO
Ternura advém dos mares serenos,
Onde mora a solidez das rochas,
Onde durmo o sono inquieto do menino desperto que fui...
Homem; eu sou um estranho passageiro;
Tripulante do barco da vida
Transporto o carregado dos conhecimentos,
Inúteis conhecimentos,
Que de mim não aparta a ignorância do bruto obscuro
Desertor das certezas.
Vaga a rocha, logo outra ocupa o coração.
Poesia é tormento sem fundamento algum...
Desta, impostora eu nada sei!
Do menino que ainda vive escondido na memoria que eu sou.
Guardo sutil passado de flores secas e saudades livrescas
Ainda o mar, ainda um olhar,
Ainda a verde esperança, ainda um menino.
Ainda a poesia.