Flor de Cacto
é do deserto que me deixas que se abrem as linhas,
árduas dunas de sede e areia em chão mártir de ventos,
sacrificando pegadas silentes
meu telhado, duas palmas protegendo a alma do sol noturno
meus lábios trincados, retalhados de luz
lábios expatriados
de um verbo que se move
molhado
espocam estrelas atiradas em horizontes desidratados
por baixo das pálpebras arreadas
a noite dá miragens ás retinas
circulando alucinógeno
ao lembrar-me flor desabrochando no teu corpo
nos instantes em que me acolhes
e ao mesmo tempo me espinha